
Esses dias, tive a notícia de um amigo: por agora basta Portugal, vou voltar para o Brasil! Mesmo com esse momento de crise econômica e política, o 'gajo brazuca' vai encarar a pátria amada e que não anda assim, muito gentil. Acredito que todo mundo que vive fora, em algum momento se depara com essa questão: voltar ou ficar?! Debruçado sobre o eDreams, só por 'curiosidade', pesquisando a tal passagem só de ida para a nossa terra. Você até programa uma possível data, só que algo acontece, o cenário menos bom muda, o sol volta a sorrir e os sonhos da vida no exterior se renovam. Surge a mesma energia de quando pisamos no avião, na rota do destino tão sonhado. Fiquei pensando... tentando entender esse meu amigo e a sua decisão. Mesmo com o pouco tempo em Portugal, será que ele não está sendo precipitado? Não podia tentar mais e arriscar as últimas fichas nessa empreitada? Os questionamentos são muitos e o ponto chave é: nem todo mundo está pronto para viver no exterior. Viver fora, requer muita coragem, determinação, alegria para suportar os maus momentos, sem ser um chato -acredite, você vai afastar as pessoas- e esperança para acreditar que você chegará aos seus objetivos. O simples fato de atravessar o Atlântico passar por uma imigração, que nem sempre está de bom humor, encarar uma terra nova com seus costumes e hábitos, já é prova que 'és' uma pessoa de coragem. Mas, isso não quer dizer que ela manterá você 'vivo' por aqui se não tiver os outros ingredientes. Passado o primeiro momento de susto e voltando ao normal, ainda com essa máxima na cabeça 'nem todo mundo está pronto para viver no exterior'. Mas, porque ele, assim como eu, tem de viver fora? O cara pode até estar tendo a decisão certa para a sua história de vida. A felicidade e os planos da nossa vida só diz respeito a nós. A minha felicidade não é a mesma que a sua, portanto, essee roteiro quem escreve 'és tu.' Por mais que tenha nesse momento a certeza que aqui ou ali será mais feliz, só embarcando nessa aventura para entender.
Outro ponto importante: é preciso ter uma meta, um sonho, um objetivo alcançável. Sabe porque? Voltando a esse meu amigo, o que pesou nesse retorno, é que lá, no Brasil, dentro de sua área profissional, há uma grande chance de retomar projetos e voltar a trabalhar, cá, ele não viu isso como uma possibilidade. Perceberam? O 'gajo' vai encarar o país que o Cunha vive e manda! -Pura coragem! Se não fosse esse objetivo, a tal meta alcançável, duvido que ele voltaria. E se fosse o inverso? Há muitos brasileiros que só estão aqui, não tem qualquer objetivo. Trabalham, pagam contas, compram umas roupas bacanas, curtem jantar fora, cair na noitada, fazer algumas viagens e selfies nas redes socias. Mas, se por alguma razão, você se vê sem trabalho, com pouca grana e sem a rotina trivial e acaba por precisar voltar ao Brasil? Será que valeu a pena os anos longe de casa sem ter algo que vá além da experiência de viver no exterior? É normal brasileiros, que nos tempos do auge da crise aqui em Portugal, retornaram a nossa pátria, passado alguns meses, já mostravam a decepção de ver que a realidade do lado de lá, mesmo nos tempos de vacas gordas e gastança do governo, continuava complicada. No início é tudo festa, sela lá ou aqui, e você vai ter de encarar a prova de fogo. Isso ainda é mais cruel para quem quem não tem uma formação, um objetivo traçado. Acreditem, trabalhar aqui num restaurante e ganhar 600€ é bem diferente de trabalhar no Brasil e ganhar R$600. -Ah! Mas se converter dá no mesmo. Não! Não podemos converter se você ganha em Euros e sai do supermercado com 2 sacolas cheias por 20€, ou consegue viajar pela Europa com vôos tão baratos que nem se você fosse do Rio a São Paulo de ônibus conseguiria. Ou, mesmo depois de um dia de trabalho, passar horas em pé no transporte público para chegar em casa. Além da insegurança que amedronta. Enfim, essa qualidade de vida, que para muitos brasileiros sem formação a Europa acaba por ser um paraíso. Afinal, as desigualdades são menores. Você pode viver apertado, mas vive. Isso não pode virar uma rotina, tem de ter um plano (b), caso as coisas mudem. É bom viver nesse lugar, onde todo mundo pode dar uma pinta e tirar onda em Paris sem afetar o orçamento. Cuidado com essas ilusões! Por essa razão, o pessoal acaba por se acomodar. A minha dica é: venha para cá com um objetivo que vá além de trabalhar no que aparecer. Procure um curso, tente entrar para a universidade, (em outra publicação dou as dicas) estude línguas, enfim, construa algo para o seu crescimento intelectual e cultural. Além da oportunidade de conhecer outras pessoas, poderá construir oportunidades.
Voltando naquela questão -de cada um saber o que é melhor para si- busque aquilo que te faz feliz e lhe proporcione uma realização pessoal. Se não sabe, pesquise! Tenta se cercar de pessoas em movimento, fuja de gente que não lhe acrescente nada. Estabeleça amigos de diversão e aqueles que são para a vida, a família que você pode escolher, amigos de confiança para contar segredos, projetos e chorar quando for preciso. São essas pessoas que vão estar do seu lado nos maus momentos. Garanto que são poucas, ainda mais num mundo que todo mundo só quer saber de pessoas felizes de bem com a vida e com a lente perfeita. Fiquei ligado e seja exigente contigo mesmo. O tempo não pára! Esse meu amigo, resolveu voltar para o Brasil, já formado e com chance de manter alguma qualidade de vida, por conta da sua formação tenciona investir num mestrado. Se você pensa em vir ou já está por aqui, não deixe de procurar se qualificar ou melhorar as suas competências. Caso precise voltar para o Brasil, seja a idade que tiver, sempre pesa a experiência de viver fora aliada em ter estudado ou feito algum curso especializado. Não entre no mal vício de muitos, deixando a vida levar, sem conduzi-la como tem de ser.
Durante 1 ano tive de parar a minha vida cá, regressar ao Brasil para apoiar a minha família, além da crise que andava dura, veio tudo de uma vez. Foi duro, mas sobrevivi! Mesmo que as coisas mudem, tem de ter muita determinação para não fugir da sua meta. Pode dar um passo para o lado, nunca para trás. Fui, com à certeza de voltar para dar continuidade aos meus estudos e projetos. Não teve um dia sequer que não sonhasse, voltar sentar à beira do Rio Tejo e vislumbrar a Ponte 25 de Abril e me banhar da bela luz de Lisboa. Voltar ao meu Rio de Janeiro foi vital, até para eu perceber àquilo que realmente eu queria. No fim, 'atrevissiamo', aqui estou, pronto para retomar a minha vida. Nem sempre temos o mapa, então comece a criá-lo! Ele é essencial saber onde se quer chegar. Comece escrevendo numa folha de papel e todos os dias, olhe e visualize o seu projeto. Pense bem antes de tomar a decisão de viver fora, veja se conseguirá manter o foco e energia nos momentos menos bons, e se o objetivo que lhe fará atravessar a linha do equador, justificará todo esforço. Seja o problema que vier, 'vais' se manter fiel ao teu sonho maior? Pense com carinho nisso. Mesmo que mude de opinião, é sempre válida a experiência.