quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Pode entrar que a casa é sua: Decoradora tempera a passagem dos viajantes oferecendo quitutes da terrinha em sua própria cozinha

É uma casa Portuguesa, com certeza! A canção eternizada pela eterna fadista Amália Rodrigues está mais viva do que nunca, sobretudo quando se adentra o lar de Claudia Caseira, a lisboeta que anda causando burburinho na capital portuguesa por promover almoços e jantares by herself para ilustres desconhecidos. Como assim? Decoradora, ela encontrou novo alento justamente abrindo as portas de sua residência para os viajantes, resgatando costumes e tradições locais nesse get together e oferecendo experiência única para quem vem de fora.
Claro que tudo é questão de oportunidade. Lisboa vive um momento de turismo forte e se tornou a coqueluche de muitos turistas, europeus ou brazucas. Quem já conhece sabe o motivo: uma cidade extremamente barata, além de linda – Ora, pois! Esse equilíbrio entre preço e belezura tem dado certo, ainda mais nesse momento de crise econômica de proporções planetárias. Culturalmente rica, acolhedora e visualmente deslumbrante, a principal cidade de Portugal é autêntica, traz patrimônio vastíssimo e ainda se modernizou nos últimos anos, indo na contramão da recessão global em vários aspectos. Nela, o visitante encontra tanto a modernidade da mistura de tribos e gerações quanto séculos de história numa urbe com as quatro estações do ano bem definidas. No ranking deste ano do Global Destinations Cities Index de cidades com maior procura por parte de visitantes internacionais, da Mastercard, a metrópole ocupa o 35º lugar da tabela geral e subiu um lugar na tabela europeia, indo para a 14ª posição. É nesse contexto que Claudia anda fazendo fama à boca miúda. Ou melhor, graúda.
Numa urbe que tem estado lotada de janeiro a dezembro, procurar um lugar para jantar pode ser um martírio digno da inquisição. Um dos atrativos de Lisboa, os restaurantes de comida típica são espaços antigos que não conseguem dar conta do recado, mesmo os que foram remodelados. E tem outra questão: o barulho intenso, com ‘a malta’ (termo que equivale à “galera” para os portugueses) falando pelos cotovelos. Gente desconhecida que, pela proximidade de uma mesa à outra, tagarela sem parar, dando para ouvir a conversa alheia. Resultado: há quem diga que pode-se até opinar sobre quem é ou não o pai da criança vizinha ao lado que faz malcriação bem ali do lado. Pensando nisso – e nessa pulada de galho em galho em busca do prato perfeito que se tornou rotina para os turistas em Lisboa –que a decoradora resolver promover uma verdadeira bocada: o projeto My Lisbon Family
Como uma deliciosa ironia da vida, Claudia Caseira não veio ao mundo à toa com esse nome. Seguiu sua intuição e gritou alto o gosto de ver a casa cheia com todos ao redor da mesa: ela teve o que poderia ser chamado de epifania quando resolveu alargar as experiências vividas e levar a comfort food a outras pessoas, abrindo sua casa para almoços e jantares para turistas, que podem vivenciar in loco degustando os sabores típicos da terrinha em um ambiente hospitaleiro. Nesse último verão – o agito chez Claudia – foi sucesso! De olho nessa iguaria fina que se tornou sua empreitada, fui até o bairro do Príncipe Real, região central de Lisboa onde mora para bater aquele papo com a sorridente Claudia. Confira!
Claudia, conta para a gente um pouco sobre você e seu percurso. Quem é a Claudia Caseira?
CC: Nasci em Lisboa, cresci entre Sintra, Oeiras e Lisboa; tive uma infância na qual brincava na rua, fui adolescente rebelde, mas era boa aluna, rs. Estudei Recursos Humanos, o que me proporcionou ferramentas técnicas para fazer uma coisa que me é natural – criar empatia e gerir pessoas. Mas, no segundo ano da faculdade comecei a trabalhar em decoração e descobri uma nova profissão. Após terminar o curso trabalhei para um ateliê onde pude concretizar projetos de interior design que ainda hoje existem.Nos últimos anos, fiz variadas coisas e trabalhei até com uma designer de alta bijuteria, fui consultora de moda; viajei por aí…
Quando e como surgiu esse desejo de aventurar-se nas panelas e, ainda por cima, para turistas?
CC: Aprendi a cozinhar com a minha melhor amiga e receber sempre foi um gosto! Os almoços de família tinham grandes mesas, lindas, decoradas. E quando fui morar sozinha comecei a dar jantares. Simplesmente adoro! Vem mesmo do coração.
Como surgiu o projeto My Lisbon Family?
CC: De uma ideia de tornar a experiência do turista mais rica: jantar em casa de uma lisboeta. Quando viajo, sempre tenho a vontade de tocar a campainha de alguém e perguntar se posso entrar. Inverti o conceito e abri a minha casa para o mundo.
De onde vem a sua inspiração para criação do cardápio e o que pretende passar a todos aqueles que desejam vivenciar uma experiência única através do paladar?
CC: Primeiro, o conceito passa por adorar cozinhar para os amigos e caprichar no que faço, como se fosse para eles. E passar para outras pessoas essa boa energia através da minha casa, do meu pátio e minha música nesse ótimo ambiente, em um dos bairros mais emblemáticos de Lisboa. Os meus pratos são simples, mas típicos de uma casa portuguesa: bacalhau a Brás, ervilhas com ovo escalfado, empadão, ovos verdes, arroz doce de sobremesa. Especialidades da minha mãe, rs.


E se você pudesse acrescentar uma comida brasileira nesse cardápio hospitaleiro, qual seria?CC: Humm, adoro o vosso churrasco e os acompanhamentos com aquela farofa deliciosa. Pode ser uma ideia…

O papo segue com direito à prova do famoso arroz doce, que esse repórter recomenda. Ela continua a conversa e manda na lata: “Venham conhecer onde tudo começou, de onde partimos para a descoberta do Mundo e do Brasil; e também sentir o gostinho da Lisboa atual, europeia e cosmopolita. Terei todo o gosto em vos receber em minha casa, sejam bem-vindos!”
Minha matéria no site Às na Manga

Sexta-feira 13 de terror em Paris e a invejinha Brazuca pela mobilização nos atentados na França



Quando vivemos num país com essa sensação de segurança, em que o nosso direito de ir e vir é respeitado; ou temos a certeza que ao fim do dia vamos voltar para casa seguros, fica a perplexidade ao nos depararmos com o que rolou em Paris. Estou em Portugal, uma nação extremamente pacífica e assim esperamos que seja sempre. Esses gajos terroristas querem atingir a Europa a todo custo, então, é óbvio, que fica o receio: será que podemos ser alvo algum dia? É  natural que toda a União Europeia sinta-se atingida e parte disto. Em meio ao choque da covardia desses atentados, outra questão me causou uma certa estranheza ao ver nas redes sociais alguns comentários contra a mobilização promovida por Mark Zuckerberg - O Cara do Facebook- em que disponibilizou que os seguidores da rede mudassem a foto do perfil, com as cores da bandeira francesa, sem que a mesma atitude fosse possível  com as nossas catástrofes.







Tempos nebulosos que vivemos com gente obtusa! É relevante essa competição para qual tragédia é mais importante? Sabe a diferença entre chorar pelas tragédias brasileiras e as da França? No Brasil há uma enorme banalização dos nossos piores males; dia após dia a violência gratuita entra em nossas casas, seja através da TV ou quando nós mesmos somos as vítimas. Tiramos sarro do terrorismo das nossas ruas, fechamos os olhos para a nossa mais vergonhosa realidade. Aqui há uma União Europeia, mesmo com falhas, há. E no Brasil? Sudeste tem preconceito com nordestino e quem é do Sudeste é considerado favelado ou metido, o Sul quer separar-se do resto, afinal -eles são um outro país- o Centro-Oeste é chamado de caipira e o Norte a cambada de índios: não é assim? Dentro do nosso território há um xenofobismo velado. Fica bem evidente quando não há essa tal mobilização cobrada pela tragédia de Mariana ou a 'guerra' do tráfico no Rio de Janeiro. Afinal, é cada região por si. Onde está a nossa unidade? Há algum sentido nacionalista? Não estou aqui tendo complexo de vira-lata e sim constatando essa 'invejinha' que há, com países que defendem seus interesses e zelam por sua população. É triste ver que mesmo com o "Estado Islâmico" que temos através da bandidagem no Rio de janeiro e de outras capitais, nunca vimos algum presidente ir em rede nacional, assim como François Hollande, e travado guerra a todo custo contra a violência e a bandidagem que destrói nosso país, ou após um tiroteio em alguma via expressa do Rio, ver o exército na rua. Não seria preciso essa cobrança e desdém dos paladinos das nossas tragédias. Aqui isso é coisa rara, pessoas morrerem assim é trágico e causa essa mobilização. O mundo não faz ideia da nossa guerra, afinal: não queremos saber disso e nem a reconhecemos. Fica no fundo essa inveja com uma nação unida em prol da segurança nacional. Agora, não vale essa dor de cotovelo e esse mimimi e sim o aprendizado de como devíamos ser, não hoje, mas lá atrás.


Rio de Janeiro



Mariana - Minas Gerais / Brasil


terça-feira, 17 de novembro de 2015

Nada de pedaladas! Com o euro a quase cinco reais, turistas e locais aproveitam domingo de superávit nas contas com monumentos e museus de Portugal na base do 0800

Nada melhor que começar o dia com promessa de economia no bolso. Mesmo que seja na ‘Zorópa’. Diferente do governo, vai fazer bem o dever de casa e, de preferência, nada de pedaladas nas contas. TCU agradece! Lembra aquele tempo em que a brazucada tirava onda sem pensar em economizar, ostentando nas viagens à Europa e tirando selfies nos lugares mais badalados? Agora, com o euro batento quase a casa dos cinco reias, é melhor segurar a onda, sem abdicar de um pouco de glam. Explica-se: neste domingo (27/9) é dia de entrada livre em todos os monumentos e museus portugueses, dentro do âmbito das Jornadas Europeias do Patrimônio. Não somente hoje, mas, aliás, em todos os domingos de cada mês. Direto da capital portuguesa, listei alguns passeios imperdíveis, verdadeiros achados na terrinha: museus de Portugal na base do 0800.
A programação não se resume apenas ao patrimônio industrial e técnico, mas inclui também visitas a fábricas, minas, linhas de caminhos férreos e até moínhos. O programa completo das atividades pode ser consultado através do site do Patrimônio cultural e, segundo o comitê organizador, também são programa garantido, experiências para vivenciar que vão além de comer bacalhau e devorar pastel de Belém. Considerada umas das cidades mais bonitas do globo, Lisboa tem se revelado mais do que nunca nos últimos tempos, desde a série de colinas que descem para o Tejo, um um dos locais mais cénicos do mundo.
A oportunidade tem agradado em cheio tanto que mora na urbe quanto quem visita a cidade, pois a grana anda curta no mundo inteiro e todo mundo tem procurado aproveitar a bocada, com Lisboa lotando de gente de fora nesses domingueiras 0800. Motivo não falta. Afinal, vistas de tirar o fôlego são encontradas em cada esquina da cidade mais ocidental na Europa, cuja antiguidade pré-data capitais europeias como Londres, Paris e Roma por centenas de anos.
Confira abaixo o top 6 (mania do ÁS de jogar por números pares) daqueles espaços dos quais não se deve deixar de aproveitar nessa oportunidade. ti, a lista é grande, vale conferir e escolher o seu roteiro. Confira:
#1 – Mosteiro dos Jerónimos
Meio batidão, tipo cartão postal obrigatório de quem vai à capital portuguesa? Okay, mas quem disse que não é parada fundamental, tipo dar aquele rolezinho básico perto da Torre Eiffel em Paris? Um dos monumentos mais importantes do estilo manuelino em Lisboa, considerado Património Mundial pela UNESCO em 1983, a riqueza barroca possibilita sempre novas descobertas através dos olhares afiados. De quebra, lá se encontram os restos mortais de Vasco da Gama e Luís de Camões. Vai um selfie aí?
#2 – Palácio Nacional da Ajuda
Obra master do estilo neoclássico na freguesia de Ajuda da cidade de Lisboa, que foi construída no local de um edifício de madeira temporário feito para abrigar a família real após o terremoto que sacudiu a cidade em 1755. Quem ama festas de Babette vai se derreter com a pomposa sala de banquete do palácio.
#3 – Museu Calouste Gulbekian
Quem disse que Lisboa só sobrevive de antiguidades barrocas ou renascentistas? O Museu Calouste Gulbenkian prova o contrário, com suas linhas modernistas, e contém tanto peças de arte antigas quanto modernas numa das melhores coleções particulares do globo, legadas pelo magnata que dá nome ao espaço e acumuladas ao longo de um período de 40 anos por esse tycoon do petróleo, que foi um dos homens mais ricos do século 20. E de quebra, ainda engloba seções com magníficos exemplares de arte egípcia, grega, romana, islâmica asiática e europeia, para quem não pretende se resumir aos óbvios Metropolitan (Nova York), Museu Britânico (Londres) e Louvre (Paris).
#4 – Palácio de Queluz
Seus jardins históricos constituem um dos mais extraordinários exemplos da harmoniosa ligação entre paisagem e arquitetura, o local pertencem a um período marcado pelo barroco, mas que segue pelo neoclássico. Foi residência de verão da família real, local onde permaneceram até embarcarem para o Brasil em 1807, fugindo de Napoleão. Curiosamente, foi ali onde D.Pedro I nasceu – e ironicamente morreu -, no famoso quarto Dom Quixote.
#5 – Palácio Nacional de Mafra
Mandado construir por D. João V para cumprir um voto de sucessão, o Palácio de Mafra é o mais importante monumento barroco em Portugal. Parece até Versailles, mas só falta cheirar a toucinho do ceu. O conjunto arquitetônico é formado por um Paço Real, Basílica e Convento e possui importantes coleções de escultura italiana, de pintura italiana e portuguesa, além de uma biblioteca única, seis órgãos históricos e um hospital do século XVIII, da época em que estes estabelecimentos só eram local de cura se estivessem vinculados à nobreza. Já que é menos visitado por brasileiros do que outros monumentos mais óbvios, vala aproveitar o dia de boquinha grátis. Integrado à Rede de Residências Reais Europeias, é construção que só foi possível graças à enorme extração de do ouro do Brasil. Cá entre nós
#6 – Torre de Belém
Está bem, é lugar para lá de batido para quem viaja à terrinha, mas esse patrimônio mundial – devido ao papel significativo que desempenhou nas descobertas marítimas portuguesas – é um dos favoritos da brasileirada que passa por Lisboa. Então vale dar um rolé e mandar na lata: “Olha o Cabral aí, gente!”.
Minha matéria do site Ás na Manga

No complexo noturno Urban Beach, a balada é democrática, com direito a praia artificial em deck sobre o Tejo, ao som de ritmos variados!

Hora de sair e nada combinado? Quer encontrar a galera, mas não viu a programação, acabou não tendo tempo de falar com ninguém e, ainda por cima, está por fora de qual vai ser o badalo? Então, esse tipo de situação acontece mesmo o tempo todo, independente de cidade, não é mesmo? Quem nunca embarcou nessa e, na hora agá, acabou se dando mal? Bom, pelo menos em Lisboa, esse tipo de roubada pode estar com os dias contados. O Grupo K (kappa, como no alfabeto grego) – empresa com mais de 25 anos de experiência na noite lusitana e traquejo de sobra para proporcionar agito de responsa – está dando o que falar não só na terrinha, mas em toda a Europa. Pensando na rapaziada plural da cidade e, também, naqueles viajantes descolados que não têm paciência para fados e pasteis de Belém, inaugurou uma super casa noturna voltada para os baladeiros de plantão, com várias opções bacanas para aquela turma que acabou ficando desprogramada em cima da hora. No Urban Beach é sempre possível chegar como não quer nada e ganhar a noite, sem sair de mãos abanando.
O lugar é espantoso, praticamente um oásis no meio da cidade, sede de um clube noturno dos mais badalados de Lisboa com capacidade para mais de 1000 pessoas e a ilusão de se estar flutuando no Rio Tejo. Aliás, se algum freqüentador animadinho tiver mesmo bebido além do ponto, vai acabar tendo a certeza de que virou Jesus Cristo e está andando sobre as águas. Absolut miracles! Afinal, o Urban Beach fica à margem do rio e, como é confeccionado em vidro, de lá o público pode contemplar uma das vistas mais deslumbrantes de Lisboa. Além disso, o point fica ao pé da ponte 25 de Abril, lindíssima e suspensa sobre o Tejo, lembrando a Ponte Hercílio Luz, em Florianópolis, ou a Golden Gate, postcard favorito de quem passa por São Francisco. Puro luxo.













E, como a ideia é atender a todos os gostos, o lugar abre cedinho, às 20hs, sendo destino certo para Sakana(ops!), por exemplo, é um sushi bar decorado com palhas e cascatas, fazendo a linha espaço exótico bem descontraído. Já o Papagayo (que nada tem a ver com a icônica boate carioca de Ricardo Amaral nos idos de 1970/80) tem comida internacional, com ênfase nos grelhados. O preço, porém, não é para o bico de qualquer papagaio. Nele, o branco gelo predomina, iluminado por pequenos candeeiros art déco. O resultado fica intimista, mas muito chique. E, pelo andar da carruagem (e os nomes dos dois lugares), rola uma inspiração brasileira não é?

Bom, dos restaurantes, pode rolar um estica no bar da boate, ótima opção, mesmo que a pista não demore muito a esquentar. Nessa hora, já não tem mais como escapar: são três pistas. Na principal impera o house comercial, tipoDavid Guetta, onde é possível reunir a galera que quer fazer a fina entre os finos. Já a Box é destinada para os indies locais que preferem um som mais alternativo, incluindo um tech house. Esta pista tem mesmo o formato de caixa de som (daí o box no nome), é toda equipada com leds e o laser abunda por  todos os lados, evocando os nightclubs de Amsterdã. Libertação total!
A 3ª pista tem o sugestivo nome Wonder e ai de quem pensar que se chama assim porque Stevie andou dando uma passadinha por lá na inauguração. Nada disso! É neste lugar onde as paredes de vidro possibilitam o sight escape do rio e, óbvio, o lugar é uma maravilha mesmo. Para esquentar a frieza da caixa de vidro, a levada varia entre os ritmos latinos, funk, hip hop e, vez por outra, até Ivete Sangalo comparece para levantar poeira. Bom, e também rola aquele funk com direito a abaixadinha até o chão. Os locais estão aprendendo a fazer a coisa direitinho. E, claro, português sempre curtiu essa pegada black, já dizia Gilberto Freire, não é mesmo?
No geral, o bacana do Urban Beach é poder ter os amigos de vários estilos por perto, podendo sair de um set e migrar para outra pista até encontrar sua vibe certa naquela noite. E, quem sabe, voltar para casa com a vida ganha. O lugar é repleto de gente bonita e a azaração rola forte, provando que os toucinhos do céu estão em riste!
E, para quem pensou que as opções acabam por aqui, há mais: para quem não está afim de muito barulho ou acordou fazendo a linha contemplativa, um deck sobre o Tejo, com sofás, pufes e cadeiras de praia está armado, local perfeito para um chill out ou, para as aves de rapina, observatório de tudo o que acontece na pista. Dali é possível marcar um alvo e partir para a pegação. Ou, se a vibe for mesmo se entregar ao ócio criativo, esta área ainda permtie a degustação do luar sobre o rio, tendo a ponte ao fundo. Dizem que o local é campeão das instagradas na noite lusa. Ou seja: se o cara for mal de papo, pelo menos ganha o cenário. No mais, uma dica: literalmente se jogar na noite, ou melhor, no rio! Nas noites de verão, esse deck tem areia, criando verdadeira atmosfera praiana, bem no centro da cidade. Amazing!
Minha matéria do Site Heloisa Tolipan

Marcio Honorato é o Brasileiro por trás das famosas hamburquerias de Lisboa e novos hábitos alimentares dos Portugas


Entre os poucos empreendedores de sucesso atualmente, é possível afirmar que o brasileiro Marcio Honorato é chapa-quente. Literalmente. Explica-se: na terra do bacalhau, o vício por carne picada tem se revelado uma ótima pedida e um novo tipo de hambúrguer tem feito sucesso na capital portuguesa, bem de acordo com a recessão. E o empresário brazuca, instalado na cidade há mais de 11 anos, descobriu sua galinha dos ovos de ouro. Ou melhor, o bife de ouro. Desde 2011, seu negócio não para de crescer e o olho gordo em cima da Honorato Hambúrgueres Antesanais pode acabar virando regra, com a necessidade de importação de uma mãe de santo para benzer o restaurante com muita arruda e catchup.
Seus hambúrgueres têm cara de american diner de filme de cinema e viraram febre em uma metrópole que se orgulha da sua tradição culinária, anti-americanófila e cheia de peixes grelhados, aletria e doces à base de gema de ovo. Agora, o burburinho é tão grande que, na esteira do seu trabalho, surgem a cada dia novas opções. E, com a concorrência acirrada, é possível dizer até que há uma “guerra gourmet” no segmento. No passado, quando Honorato abriu sua minúscula casa de hambúrgueres no Príncipe Real, o espaço logo ficou badalado, com direito a fila na porta e todo aquele boca a boca. “Para evitarmos filas de espera, por favor, não espalhe que comeu aqui o melhor hambúrguer de Lisboa”, lia-se em um cartaz à entrada, ideia do próprio dono. Foi assim que o cara com jeitinho de cativar conseguiu arrebanhar a clientela e amealhar sorrisos até hoje.
Hoje, quem passa à porta da segunda hamburgueria Honorato não pode se queixar de não ter sido avisado. As filas dos recém-viciados na calórica iguaria são cada vez mais compridas, mesmo sendo este novo espaço bem maior do que o pequeno restaurante do Príncipe Real, com capacidade para mais de 100 pessoas. Sim, na vibe do cosmopolitismo que agora domina a cidade, a “honorotização” agora é mais frenética! E, embora estes afamados hambúrgueres pertençam agora ao Grupo Multifood, que comprou o negócio, o antigo dono Márcio Honorato continua a ser a verdadeira alma por trás da cozinha e de todas as decisões que envolvam o menu. Tudo ainda continua a ser escrito em um enome quadro de giz, como manda a tradicional gastronomia lusa. Para a alegria geral da nação de comensais, as 14 receitas de sempre permanecem imexíveis, desde o hambúrguer de picanha ao famoso Capitão Fausto com agrião, pickles, molho barbecue e cheddar, tudo de dar água na boca. E até mesmo o Troika, uma versão low cost apenas com carne e pão que sai a módicos 5,50 euros, sucesso absoluto para a turma da caderneta de poupança. Sinceramente, com toda a crise, a boa sacada do “brasilêiro” veio bem a calhar, e, seja para quem é português ou para quem deseja economizar em uma viagem turística, o Honorato Hambúrgueres Artesanais faz parte do roteiro.
Para mais informações segue o facebook:
https://www.facebook.com/HonoratoHamburgueresArtesanais
Minha matéria no Site Heloisa Tolipan

Arco da Augusta com Arco do Triunfo? Não é São Paulo amor, é Lisboa!

Com vista aérea deslumbrante, o monumento recém-restaurado, na capital portuguesa, faz do arco o novo queridinho dos turistas!



Em sua próxima ida à Lisboa, pode esquecer o Castelo de São Jorge, Mosteiro dos Jerônimos ou a Torre de Belém. Nos últimos tempos, aquilo que tem dado a falar na capital portuguesa é um lugar que se tornou símbolo da renovação depois de uma catástrofe: o Arco Triunfal, ou Arco da Rua Augusta, que começou a ser construído em 1755, logo após o terremoto que arrasou a Baixa de Lisboa e até ocasionou um tsunami, acredita?! Pois, pois, sim sinhore! Pelas bandas de lá, a terra tremeu e abalou geral.


Recentemente, o Arco foi completamente remodelado e, em agosto, Lisboa ganhou uma nova atração turística. O acesso ao fabuloso terraço onde o visitante pode ter uma vista privilegiada sobre a emblemática Praça do Terreiro do Paço – uma das maiores da Europa, com cerca de  36000 m2, debruçada sobre a Baixa pombalina, a igreja da Sé, o Castelo de São Jorge e o Rio Tejo, de onde a caravela de Cabral partiu a caminho do Atlântico e chegou por aí.
O caminho das pedras não é difícil: para subir, há elevador. Depois, 45 degraus separam a sala do relógio – onde se pode ver uma exposição que sintetiza a história do Arco, desde o início da construção até à sua conclusão, em 1875 – do balcão junto ao céu. Ao chegar lá em cima, o visitante é brindado com uma vista incrível e belas esculturas deCélestin Anatole Calmels – escultor francês que viveu grande parte da vida em Portugal – representando a glória, coroando o génio e o valor. Já no plano inferior, encontram-se esculturas de “grandes portugueses”, concebidas porVítor Bastos e homenageando gente do calibre de Nuno Álvares Pereira, Viriato, Vasco da Gama ou o Marquês de Pombal. Sim, os portugueses têm orgulho daqueles que fizeram sua história. E o marquês, um dos representados e tido como uma das figuras mais importantes e controversas da história portuguesa, foi o principal responsável por todo o projeto arquitetônico, moderníssimo para a época, que reconstruiu Lisboa após o terremoto.

Outro ponto que impressiona, ao olhar de cima, é perceber como uma espécie de tapeçaria, em preto e branco, parece forrar as ruas da Baixa: é a beleza da calçada portuguesa… Sabe quando estamos no último andar de um apartamento na Av. Atlântica, em Copacabana, e vemos o calçadão? Pronto, é a mesma coisa, só que em Lisboa tudo faz sentido, com esse cenário belíssimo do velho mundo. O texto inscrito no topo do arco remete à descoberta de novos povos e culturas: VIRTVTIBVS MAIORVM VT SIT OMNIBVS DOCVMENTO.PPD – “Às Virtudes dos Maiores, para que sirva a todos de ensinamento. Dedicado a expensas públicas”.
Devido às limitações do espaço, o Arco não pode ser visitado por mais de 700 pessoas. Então, se estiver em Lisboa, se liga e tenta chegar cedo, aproveitando o máximo. Viajar pra ficar em fila não rola, não é mesmo?! O Arco da Rua Augusta está aberto ao público diariamente, entre as 09h00 e as 19h00, e o ingresso custa 2,5 euros por pessoa, mas a entrada é gratuita para crianças até aos cinco anos.
Minha matéria retirada do Site Heloisa Tolipan

Como o verão do Brasil, a primavera Lisboeta é vida que segue cheia de opções ao ar livre

Enquanto a cidade-maravilha cruza os dedos para o calor africano acalmar, em Lisboa a contagem regressiva pela chegada da estação mais celebrada!


Se, por aqui, a chegada do outono traduz certo alívio por conta do calor de rachar, agora, no hemisfério norte a chegada da primavera é celebrada, sendo a estação mais esperada do ano. Hora de guardar os casacos e jogar o corpitcho na rua, sacolejando como s estivesse em um desenho musical da Disney! Em Portugal, por exemplo, Lisboa renasce: gente com pouca roupa sensualiza em praças públicas e os sorrisos preenchem os lábios de quem circula pelas esplanadas repletas do povo descolado, tudo sublinhado por uma luz que só a capital lusitana tem. Aliás, quem conhece Lisboa sabe dessa atmosfera, que é diferente da luminescência de qualquer outra cidade do globo. Dizem que essa luminosidade da qual tanto se fala é puro reflexo da pedra sabão, a calçada portuguesa espalhada por toda cidade. Hum, talvez.


A primavera é uma excelente época para visitar Portugal que, em 2014, foi considerada um dos melhores destinos do mundo. Além da sua diversidade e do charme europeu – que conversam muito bem com suas praias idílicas, bem próximas – tudo é cenário perfeito para quem deseja tanto descanso quanto aventuras. E é mesmo um país incrível, daqueles que envolvem. Com um ou dois dias, sem esforço, já é até possível falar “pá”. Entre todos os países do continente, “Portugale” possui invernos mais suaves e os verões quentes e secos. Aliás, o número de horas de sol chega a atingir as 3300 no sul e 1600 ao norte, índice dos mais altos da Europa! Por esta razão, a primavera é uma excelente época para dar um rolezinho (no bom sentido) por Lisboa. Dias mais longos, a temperatura amena e brisa primaveril convidam todos a atividades revigorantes ao ar livre. E, claro, as opções são inúmeras, com o visitante podendo decidir se enveredará por passeios mais descontraídos passeios ou aventuras de esportes radicais. O único possível problema é que, em abril, pode ser que chova mais do que em outros períodos. Sim, enquanto os cariocas têm as “águas de março”, os lisboetas costumam dizer “abril águas mil.” Mas, francamente, nada se compara, nem de perto, com as chuvas torrenciais do Rio ou, atualmente, de São Paulo. Até que, na capital lusitana, são chuvas bem tranquilinhas, se comparadas. E, apesar do pé d’água, os “tugas” (como eles apelidam quem é de lá, diminutivo para portuga) nada se importam e caem na rua assim mesmo, na vibe do badalo molhado. Aliás, chuva e frio é ótimo sinal, com bares e discotecas cheias, já que não dá para socializar ao ar livre, sem virar um pinto molhado. Um alívio para o comercio atual em recessão.


Na primavera, quem não quer perder dinheiro se reinventa. Há casas noturnas e bares que fecham na capital e partem para as regiões de praias, como o Algarve, no sul do país, equivalente à Búzios, só que com preços muito mais aceitáveis e opções para todos os bolsos. Sim, lá ainda não chegou a moeda brazuca “surreal”. Mas, de volta a Lisboa, agora mesmo, há uma febre surgida na primavera do ano passado, com uma enorme quantidade de esplanadas e restaurantes-terrasse inaugurados, espalhados por toda a cidade. O bacana é que se tem a possibilidade de respirar a atmosfera da cidade nestes points badalados, quase sempre cheios, apesar da crise. E, dentre esses agitos que tomam conta da estação, acontece um que, desde 2006, vem deixando a capital muito mais vibrante. 
Out Jazz é uma ideia que dinamiza a metrópole e que acabou se tornando, sete anos mais tarde, uma espécie de encontro fundamental nos finais de tarde. Entre Maio e Setembro, as sextas-feiras e domingos ganham nova vida em Lisboa. Pelo segundo ano consecutivo, tendo o MEO (empresa de telefonia) como principal patrocinador, este festival é solução perfeita que acalma o público frenético, relaxando todos e deixando respirar, por entre espaços livres. Ótima música e bom ambiente tornam a cidade muito mais feliz. O evento corre por praças e espaços de fácil acesso e o melhor é que é gratuito. Aos domingos, o festival começa mais cedo. No ano passado, em torno de 17h, sempre ocupando espaços verdes, e ficando instalado durante um mês, em harmonia com a natureza e o por do sol. Com as notas musicais ecoando pelo parque, grupos de amigos e casais apaixonados se entregam a um belo piquenique ao som do suprassumo do jazz, soul, música de fusão e até DJs convidados. Imperdível!

Mas, para aqueles que desejam pegar uma prainha e continuarem próximos do burburinho, sem precisar descer até Faro, o vilarejo mais ao sul do Algarve, basta ir até Cascais, uma vila portuguesa marítima, pertinho e que equivale à nossa Barra da tijuca em termos de proximidade. Lá pode se refrescar em sua praia calma, chegando por lá de uma hora para outra. É bem rápido, basta pegar um “comboio” na estação do Cais do Sodré e, da janela do trem, já se degusta a vista, apreciando o mar.
Mas, caso a opção não seja praiana, um passeio de bicicleta cai bem, se o ciclista estiver preparado para desafiar as colinas da cidade ou desfrutar o percurso à beira Rio Tejo nas ciclovias do Parque das Nações e de Belém. De fato, os lisboetas tambpem fazem essa linha saúde, tipo os cariocas, com uma rede de responsa com vias para bike. Já para aqueles espíritos indóceis, bem mais aventureiros, a empresa de turismo ativo Equinócio representa uma solução, cheia de programas de pura adrenalina. Paintball, trekkingrafting, escalada e rappel são algumas das opções de diversão. Se o visitante quiser, por exemplo, realizar um passeio em outra praia bem badalada,com uma enorme extensão e mar agitadão, aproveitando para praticar surfe, poderá contatar a Guincho Adventurous, que dispõe de serviço de aluguel de bicicletas, scooters, equipamentos para surfar e até paras prática do tênis. Tipo sport delivery.
Portugal tem muitos encantos em todas as estações, mas para os brasileiros – e sobretudo cariocas – o que mais deixa todos maravilhados é entender que como a primavera de lá acaba traduzindo a renovação da vida (árvores e flores florescendo e mudando completamente o cenário urbano), mas em meio a práticas que, de longe, não se imagina que possam ser usuais em uma cidade milenar com pecha de antiga. Como diria Cecília Meirelles: “Aprendi com as Primaveras a me deixar cortar para poder voltar sempre inteira.” 
Minha matéria no Site Heloisa Tolipan

Último reduto da rainha-viúva, construção joia rara do romantismo: o Palácio da Pena é imperdível!

Basta pensar em Europa e logo vêm à mente épicas histórias do velho mundo: reis e rainhas do passado, castelos deslumbrantes e aquelas disputas medievais ou renascentistas por territórios, já que, de praxe, não havia muito que fazer naqueles tempos para apimentar a vida, a não ser decidir entre duas coisas: “Casamos entre nós ou entramos em guerra?” Bom, nessa levada de história da carochinha verdadeira, Portugal possui um dos palácios que melhor representa a expressão do romantismo arquitetônico do século XIX. Aliás, o primeiro palácio nesse estilo da Europa.O Palácio da Pena, este impressionante e surreal edifício, volta agora à moda e, segundo dados, é o lugar de maior visitação neste último ano, superando pontos históricos emblemáticos, motivo que tem causado certo burburinho no país.
A construção foi uma das principais residências da corte portuguesa durante o século XIX, situado na belíssima serra de Sintra e erguido cerca de 30 anos antes do carismático Castel de Neuschwanstein, na Baviera, este servindo de inspiração ao “Castelo da Bela Adormecida”, símbolo maior dos estúdios Disney e de todos os contos de fada. Para quem acredita que os portugueses são devagar e quase parando, esta é uma prova de que, pelo menos naquela época, eles não brincavam em serviço e, quando queriam, saíam na vanguarda.  
Antes de sua construção, a paisagem da serra de Sintra e as ruínas do antigo convento já maravilhavam o rei-consorte Fernando II, que as adquiriu em 1838. Nada simples, mas chegado a certas faraonices, o rei promoveu diversas obras de restauro com o intuito de fazer do edifício sua futura residência de verão. Coisa típica de monarquia, afinal, eles adoravam fugir do calor pra não abdicar dos arminhos e veludos, vide a monarquia brasuca subindo a serra de Petrópolis para fugir dos “quintos dos infernos!”
Em Sintra, o trabalho de recuperação foi bem rápido – muito mais ágil que o atual tititi causado por qualquer expansão de metrô carioca ou derrubada da Perimetral – e, em 1847, a majestosa obra já estava quase concluída, segundo o projeto original do barão alemão Von Eschwege, arquiteto amador, mas responsável por intervenções decisivas no detalhamento. Muitos dos pormenores, entretanto, acabaram ficando a cargo do exótico temperamento do monarca português que, a par de arcos ogivais, torres de sugestão medieval e elementos de inspiração árabe, desenhou e fez reproduzir, na fachada norte do palácio, uma imitação do Convento de Cristo em Tomar, cidade portuguesa do distrito de Santarém. Sim, não é de hoje que português adora fazer uma saladinha arquitetônica, e não se fala aqui das casas tijucanas, no Rio, com varandas cheias de volutas, guarda-corpos, galos típicos e paineis de azulejos. O tal convento, aliás, é local lindíssimo, classificado pela UNESCO como Património Mundial e, fundado em 1160, pertenceu à Ordem dos Templários, antes desta cair em desgraça junto ao Papado. Não é difícil imaginar, portanto, que tenha servido também de inspiração.
Mas o Palácio da Pena também já foi cenário de eventos conturbados, perfeitos para figurar em roteiros cinematográficos. Muitos anos depois de sua construção, ele foi palco do ultimo suspiro da monarquia em Portugal, com estes acontecimentos dignos de cinema incendiando aqueles dias. Com a situação política bombando no país desde o regicídio de 1 de Fevereiro de 1908 – fato ocorrido em Lisboa que marcou profundamente a história de Portugal, com o duplo assassinato do rei Dom Carlos e do seu filho e herdeiro, o príncipe Dom Luís Filipe, fim da última tentativa séria de reforma da monarquia Constitucional – a rainha-viúva Dona Amelia, dura na queda, enfrentou os assassinos “mano a mano”. Há relatos que afirmam que ela caiu dentro, batendo com seu guarda-chuva nos culpados, mostrando que era boa de muque, mas, após esta prova de voluntariedade, ela preferiu se refugiar no palácio, rodeada de damas da corte e dos fieis cães de estimação, enquanto a coisa pegava fogo lá fora. Quando finalmente estourou a revolta de 4 de Outubro, em 1910, a rainha aguardou, dentro da tranquilidade da Pena, o evoluir da situação, volta e meia subindo com a sua comitiva nos terraços para fuxicar sinais dos combates em Lisboa, que podia ser vista à distância. No dia seguinte, partiu ao encontro de Dom Manuel, seu filho mais novo, em Mafra, voltando nesta mesma tarde ao Palácio da Pena, onde passou a noite de 4 para 5 de outubro, a última que passou em Portugal antes da definitiva queda da monarquia. No dia seguinte, já com a República instalada, a rainha dura na queda partiu de novo para Mafra, ao encontro do filho e da sogra, de onde todos foram chorar mágoas no exílio. Com a implantação da República Portuguesa, o palácio foi convertido em museu, com a designação oficial de Palácio Nacional da Pena e, já em 1945, a rainha deposta, de visita a Portugal, voltou ao local, onde pediu para estar sozinha durante alguns minutos: era o seu lugar predileto, uma maravilha.
Mas não foi só Dona Amelia que evocava a beleza do Palácio da Pena. Considerado hoje uma das sete maravilhas de Portugal, foi, neste último ano, o monumento mais visitado do país, voltando a estar no centro das atenções. A informação foi divulgada pelo Parques de Sintra – Monte da Lua (PSML), empresa encarregada de gerir o monumento e, ultimamente, esta informação tem causado rebuliço na terrinha, com autoridades responsáveis por outros símbolos do país em ciumenta polvorosa. De acordo com o documento, o local registrou 787 mil visitas em 2013, ultrapassando, assim, o número de visitantes do Mosteiro dos Jerónimos e da Torre de Belém, que se cifram, respectivamente, em 722 mil e 537 mil entradas, segundo os números divulgados pela Direcção Geral do Património Cultural. Bafo regional com sabor de barriga de freira.
Como atração imprescindível, quem pensa em visitá-lo não pode deixar de ir ao Salão Nobre do Palácio, finalmente restaurado por completo. Mais belo e novinho em folha, pronto para ser degustado pelos olhos dos visitantes. Dentro do palácio, há várias divisões decoradas, como os salões e os quartos reais, tal como eram há dois séculos atrás. Infelizmente, não é permitido tirar fotografias. Mas, por outro lado, há muitos lugares a partir dos quais se pode observar o visual fantástico de Sintra e seus arredores, com destaque para seus jardins, outro cartão de visitas do lugar. Imperdível! 
Minha matéria retirada do Site Heloisa Tolipan

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Férias Brasil - Elza Soares no Teatro Rival no Rio "Tenho pavor dessa coisa de dizer que não é do meu tempo!"


A matéria mais emocionante que fiz até o momento. Foi lindo! Amigo é coisa para se guardar! Voz do século e grande diva da MPB, Elza Soares voltou neste final de semana (22 e 23/8) ao Teatro Rival, no Rio, após uma temporada de sucesso em maio, prestando uma emocionada homenagem aLupicínio Rodrigues, repleta de belas interpretações e deliciosas surpresas para arrebentar de vez os corações.  O compositor, morto em 1974, conhecido por retratar as dores de amor, se tornou amigo da cantora na década de 60. História, portanto, para celebrar no palco, já que lá se vão 100 anos do nascimento do compositor gaúcho.“Lupi está na minha pele. Tenho duas rosas tatuadas em homenagem a ele, a quem devo muito”, revela Elza para a entrevista que me concedeu após o espetáculo. 

Afinal, a cantora estourou para valer quando gravou “Se Acaso você chegasse” – canção de Lupicínio que já fez parte do repertório do mais alto escalão das divas que chegam para ficar, e como Elza não poderia ser diferente. “Quem poderia imaginar que menina magricela do Engenho de Dentro, filha de lavadeira e operário conseguiria dar um salto tão grande a ponto de o próprio Louis Armstrong, num encontro a chamar de filha, por conta do seu timbre muito próximo ao dele, What?!”, recorda a estrela, brincando, mas trazendo a voz embargada por conta da emoção do momento e de o fato de Lupi ter participação tão presente nesse início de sucesso. What A Wonderful World….
Bom, ela nunca deixou de acreditar que o mundo podia ser mesmo maravilhoso, não desistiu e, enquanto brasileira e guerreira, quebrou paradigmas e deu a volta por cima muitas vezes. “Todos nós temos nossas máquinas do tempo. Algumas nos levam pra trás, são chamadas de memórias. Outras nos levam para frente, são chamadas sonhos”, filosofa Elza. E, assim como um sonho, ela prossegue o espetáculo, em ambiente altamente cenográfico, com pétalas de rosas em todo palco, ela de branco e  cintilante em sua cadeira e, ao lado, um mesinha com a foto do amigo Lupi, como se fosse uma imensa sala de estar. Ou, quem sabe, até um boudoir, em resultado cênico que deixa a diretora Bia Lessa embevecida na plateia.
Mas tudo é ao mesmo tempo muito à vontade, natural até, apesar do apelo mitológico que Elza causa no público. Mesmo assim, é uma casa e a casa é sua! Brincando, conta que no dia anterior ao show pensou no amigo que já foi e até trocou com ele umas palavras no ar, sobre o vestido que ela pretendia usar, que acabou caindo no chão: “Que isso, Lupi, isso é coisa que se faça?!” A plateia se diverte. No repertório estão canções que marcaram época, como“Cadeira Vazia” “Nervos de Aço”, entre outras. E a banda é esplendorosa! Os meninos mandam bem e embarcam no jazz, blues, bossa nova, samba-rock e naquilo que der na telha da intérprete, com muita propriedade. Nos intervalos ainda mostram todo talento, permitindo assim que a peteca não caia, cool!
Casa cheia de amigos, fãs e de uma presença mais que especial, Lupicínio Rodrigues Filho, o Lupinho, que estava na plateia e sobe ao palco a pedido da diva, cantando com ela “Esse moços” . Tipo jam session, sem combinar, mas deixando o coração falar. Filho de peixe, peixinho é, e Elza se espanta com timbre muito próximo do amigo. Arrasou!
Fim de show  e ovação sem parar, óbvio! É a deixa para que eu falasse com o Lupinho.  “Como foi essa emoção toda e ver essa bela homenagem ao seu pai e vivenciar esse momento?” Ele é contundente: “Primeiro, é difícil chegar a essa diva, difícil comentar, tem que ter nervos de aço para chegar aqui e vê-la apresentando o pai no show. Já faz 40 anos que ele não está conosco, e Elza me chama ao palco para cantar, sem ensaiar absolutamente nada. Não tem como dizer que caiu uma lágrima, cairam as lágrimas inteiras, uma cachoeira!”.  Ele completa contando que estava em Porto Alegre e que lhe falaram: “Lupinho, tem de ir ao Rio de Janeiro”. Ele foi, viu e venceu o medo de encarar a cantora olho no olho: “Tive mesmo uma grande surpresa, porque o meu aniversário foi ontem. Ganhei o maior presente da minha vida”.
Emocionado ainda recorda um dos momentos que presenciou, ainda pequeno, Elza numa visita ao Lupi, em Porto Alegre “Eu me lembrei de uma ocasião lá em casa. Sabes que Porto Alegre é um gelo e ela não está acostumada com o frio. Ela sentou na beirada do fogão à lenha e não arredou o pé de lá o tempo todo, comeu o churrasco direto agarradinha ao fogão”.
Adriana Calcanhoto está presente e é mimadíssima por Elza Soares, que não poupa elogios. Perguntada sobre os tais mimos, a cantora se desmonta em suspiros: “Ah, ela é demais, cara, demais! Cada coisa que vejo dela fico mais surpresa. É  uma artista de um tamanho inacreditável e, quando se juntam estas duas potências (ela e a música do compositor), só podemos esperar um show lindo! Ficamos, assim, apaixonados ao ouvi-la. Ela sempre consegue emocionar e é uma artista gigante. Tudo apresentado do jeito dela entra com uma força descomunal, porque todas estas canções tem a ver com a vida dela”.

Nina Becker, da Orquestra Imperial, também é só elogios: “Ver a Elza sempre é muito especial. Se eu canto hoje em dia é por causa dela. Quando eu comecei a cantar na Orquestra, eu não tinha a menor ideia do que era ser cantora. Fui por conta dela,  depois de um disco que Elza fez do Wilson das Neves que eu amava. Aí, eu me convidei para cantar na Orquestra Imperial e disse que tinha um disco da Elza Soares, que a gente tinha que tocar essas músicas. Eu trabalhava com cinema na época. A Orquestra bombou e tudo mudou na minha vida. Só virei cantora só por causa da Elza Soares”.
Para fechar a receita de sucesso da noite, só falta a cereja no topo do bolo e não pode deixar de finalizar com mais algumas palavras da rainha da noite. Questionada sobre como é abrir para o público a história entre ela e Lupi e ver tudo vertido em um show memorável, ela vai na lata: “Você viu no palco, né? Canto e choro Lupi, por isso é difícil dizer o que sinto. Tenho um pedaço dele dentro de mim e acho que canto a nossa história pessoal através das suas músicas. É por isso mesmo que me debulho tanto em lágrimas”. Ela dá uma pausa e continua: “Antigamente, havia muito essa facilidade de cantar a dor de cotovelo, não era vergonha dizer que amava e expressar até fraqueza. Hoje, tem essa bobagem de ter que mostrar o tempo todo que somos fortes. Com isso a música e a poesia empobreceram”.
E, quando o assunto é atingir todas as idades, ela é categórica: “Você estava na plateia, viu que a minha banda só tem jovens, meninos lindos, maravilhosos, e capacitados, tocando músicas antigas com a maior responsabilidade. Daí  você vê que a cultura musical existe, e esse negócio de ‘não é do meu tempo’ é uma bobagem. Eu tenho pavor disso!”

Minha entrevista retirada do Site Heloisa Tolipan